Em entrevista a O Globo, governador Clécio, avaliando aumento de emendas parlamentares, tascou:
“Foi o que salvou o Amapá nos últimos 5 anos. Municípios do estado e da Amazônia vivem uma realidade diferente hoje porque estão acessando uma parte mais importante de recursos que antes não conseguíamos.”
E observa: “O planejamento do governo federal é feito pensando no Sudeste, no Sul e em partes do Centro-Oeste e do Nordeste. Nunca foi pensando na Amazônia, que é retórica, discurso.”
Sobre a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, inclusive defendida pelo PR Lula, Clécio disse ‘apostar todas as fichas nessa nova matriz econômica e na possibilidade de termos um novo modelo de desenvolvimento’, justificando:
“Temos os piores indicadores de saneamento básico e no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e, até pouco tempo atrás, os piores em geração de emprego. A gente tem 20% da população de Macapá morando em favelas. O petróleo representa uma nova chance de termos uma atividade econômica forte e que possa financiar a manutenção dos nossos indicadores ambientais e o desenvolvimento em várias áreas”, disse.
E, sobre a possibilidade de afetar a vida marinha, como o Ibama argumenta, ‘o governador admite estar subordinado à ciência e à pesquisa’, mas ponderando:
“A decisão que saiu do Ibama nos proibiu o elementar: o direito a pesquisar a nossa costa. Por isso eu insisto. Quero poder produzir petróleo, mas não significa que eu queira de qualquer jeito. Eu sou daqueles que se subordinam aos resultados de pesquisa. Mas há um outro extremo, que é a gente acabar dobrando os joelhos para aquele discurso protecionista que só vê floresta, uma biologia natural sem a presença humana. Quem disse que nós queremos ser santuário de alguma coisa? Queremos ter direito a viver com dignidade”, observa Clécio, fechando a prosa.