Gordura salarial
Não que se que se tenha pisado na lei de Deus e dos homens, quando o Setentrião decidiu aumentar os seus próprios ganhos salariais.
Só esqueceu de consultar os ‘russos’ –aliás, os ‘geraldinos’, nas arquibancadas. Pra eles foi tipo ‘gol contra’.
E chiaram o que puderam -e ainda chiam, com decibéis no talo, porque ‘aquilo’, o reajuste salarial, também não forrou o bolso deles.
E quem não gosta de um dinheirinho a mais ? …
Ah, mas os salários estavam defasados e tem que se pagar o justo pra quem vai ter pela frente anos duros de roer …
Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem.
Mas logo agora, em comecinho de governo, quando ainda se faz tinir nos ouvidos promessas de austeridades e até autoflagelação –o tal cortar a própria carne, se necessário, no tudo que for preciso pra lipoaspirar gorduras…
Repito: não enxergo esse aumento salarial, embora restrito à realeza palaciana, como sendo o fim da picada.
Ainda vejo um governo carregado de boas intenções, que vai fazer tudo pra dar certo. E tomara que consiga, apesar de ter um bocado de gente na torcida pro circo pegar fogo.
Tem o amparo da lei … Aí vem o outro ‘mas é imoral’.
Paciência.
Compreende-se: cada um com o seu cada um.
E o bom senso aconselha que se respeite os contrários.
Agora numa coisa temos que concordar: o Setentrião fez o que fez -se por lambança ou não, com absoluta transparência.
Subiu até no telhado e disse: “Eu aumentei o salário da realeza!”
E a sociedade agora faz o mesmo, reagindo também de forma transparente, ‘doa a quem doer’, como dizem os petistas.
Resumo da opereta: o Setentrião se deixou tisnar chutando na própria canela, porque fez o que eu chamo de ‘tempestade fora de estação’.
E sem necessidade, diria o Lucas Barreto.
Porque, além de revoltar uns e outros, também fez por onde para que a oposição, enfim, mostrasse a cara e revelasse ao mundo, aqui, que ainda suspira.
Ofegante, mas ainda suspira.
Luz Melo